Um poema para o Pai
A conversa do pai
Quero
se ainda o meu querer te diz respeito
quero em ti a insurgência contra a crueldade
e aquela, a dos deuses que te obrigam...
às mãos limpas
a desenhar torres no oceano.
Responde-lhes
com o teu corpo treinado na selva
para onde eu te levava
em menino.
Lembra-te
tu eras o silêncio
o espaço todo
o anjo da aventura
a resposta à pergunta.
Lembra-te
que o que foi
continua sendo
o veneno
a noite
o domingo.
Procura a luz
a luz do sol
que vais distribuir
por todos
todos os homens da terra
que lutam
contra bruxas
contra adivinhos.
Não te importes
com coisas que subam
o que está na bolsa
o que passa na tv
os umbigos
isso a que os deuses
dão alento.
Seja
a tua raiva
tão forte como
o meu amor
por ti.
Carlos Castilho Pais